terça-feira, 7 de julho de 2015

Memento Mori - Um Ensaio para a Morte

Sinopse do espetáculo

No princípio… quando até mesmo acender a rala fogueira que mal iluminava as pinturas nas paredes de rocha exigia tempo, paciência e terrível esforço, por vezes tinha a impressão de ouvir uma voz, um sussurro tênue e sibilante, brotando da escuridão na parte mais profunda da caverna, onde o bruxulear das brasas nunca alcançava. Costumava fugir, arriscando expor-se aos perigos da selva noturna, mesmo sabendo que não havia nada além de rocha naquele canto escuro de onde a voz parecia surgir. Certa noite, porém, não fugiu. Aproximou-se, tremendo, com o coração disparado, e aguçou os ouvidos para finalmente entender o que a voz lhe dizia: “Um dia irá morrer”. O Memento Mori é a lembrança da morte. A terrível consciência da finitude que nos define como espécie. Dessa fria certeza nasceu toda a ficção de horror como a conhecemos. A literatura gótica do século XIX, cujo imaginário marcou tão profundamente as artes do século XX, continua sendo um veículo para a voz nas trevas que nos sussurra a verdade, nos alertando que temos apenas uma breve vida para nos preparar para seu inevitável fim. Um ensaio para a morte. E nessa época triste em que nos esforçamos tanto para não ouvir a voz nas trevas, em que afastamos os mortos e moribundos de nossas vistas para morrerem sozinhos em hospitais e consideramos de mau gosto os artefatos da morte, a Companhia da Sombra vem abraçar a iconografia do horror gótico old school, apostando na estética do teatro de sombras como uma espécie de “lar natural” para a essa antiga voz que nos sussurra dos lugares escuros, no bruxulear que parecia dar vida aos desenhos rupestres e nas mãos dos xamãs criando formas nas sombras para nos assustar e ensinar. Convidamos o público para adentrar conosco esse estado de trevas, entre sombras de vultos ameaçadores, espectros sinistros, cemitérios em ruínas e casas mal assombradas, para não apenas lembrar da morte, mas dançar com ela um melancólico e macabro bailado.




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